terça-feira, 19 de agosto de 2014

Mostra de aniversário traz mais peças ao TMTV

Tânia Franco
ttferreira@sorocaba.sp.gov.br

Após duas edições, da sexta-feira (15) e do domingo (17), com casa cheia, a “Mostra de Aniversário da Cidade” traz nesta terça-feira (19), às 20h, no Teatro Municipal Teotônio Vilela (TMTV) mais um espetáculo produzido por artistas sorocabanos.

Desta vez, a Cia Clássica de Repertório encena “Sob o Azul do Céu”, um texto que trata do eterno conflito de gerações. Numa abordagem de humor e leveza, a história começa após o funeral da matriarca da família e mostra as dificuldades de um pai ao lidar com o filho que por dez anos ficou longe da convivência familiar. Durante uma semana, tempo em que precisa ficar o lado do pai, o rapaz terá a oportunidade de repassar suas mágoas, dificuldades, desencontros e dificuldade em entender o que é amar odiando e odiar amando. Tudo isso, num contexto pontuado por diálogos divertidos.

O resultado é uma encenação emotiva, que passa a limpo o cotidiano de muita gente e permite, em várias situações, uma revisita à própria história do espectador.

Mais três

Concebida para a agenda de comemoração dos 360 anos de Sorocaba, a “Mostra Aniversário da Cidade” terá, ainda, outras três apresentações na semana.

Na quarta-feira (20), a Cia Epidaurus vem com “Cô Zé, Nem o Diabo Pode!”, que conta a história de um caipira metido a valente e sem trava na língua que é morto num local um tanto indiscreto, depois se meter com pessoas erradas. Expulso do céu e barrado no inferno por conta do seu comportamento, Zé terá que avaliar sua vida e buscar um caminho para descansar em paz.

A comédia é inspirada num dos ícones da cinematografia brasileira, Amácio Mazzaropi, que perpetuou personagens como o Jeca. 

A direção do espetáculo é de Augusto Roberto, com figurino de Ofélia Vivi Sol, sonoplastia e iluminação de Maycon Sajo. No elenco estão Augusto Roberto; Paulo Bernardo; Leandro Paiffer; Juliana Felippe; Andréa Luiz Xavier; Érica Erba, Mariana Felippe e Marcos Di Roberto

No dia 26 de agosto, encerramento da mostra de teatro, a Cia Camarim – Casa do Ator faz duas apresentações. Às 20h o diretor Hamilton Sbrana vem com Super, Hiper, Mega, Blaster e, às 21h, com A Falecida, da obra de Nelson Rodrigues.

A comédia Super, Hiper, Mega, Blaster conta a história de um reino governado por uma rainha negligente, mãe de um príncipe mimado e que tem como conselheira sua corrupta e manipuladora irmã. O texto mostra o enfrentamento de uma serviçal, revoltada e indignada com a situação vivida pelo povo e que tenta mostrar ao príncipe a situação caótica do reino, onde imperam a injustiça da desigualdade social. No elenco estão Maria Helena Barbosa; Tania Rorato, Niany Nicoley e Júlio César Scandolo. A censura é livre e os ingressos devem ser retirados uma hora antes do espetáculo.

Já o texto rodriguiano, que tem montagem dirigida por Sbrana, é o resultado de um ano de trabalho, pesquisa e estudo dos atores formados no curso Técnico em Arte Dramática do Senac Sorocaba (TADS), do qual Hamilton Sbrana é coordenador. 

A peça mostra a trajetória do casal Zulmira e Tuninho ao encontro dos seus destinos e aborda o drama da mulher que deseja vingar-se da prima antes de morrer. Zulmira, uma personagem de classe média baixa que não tem grandes expectativas na vida, é absorvida pela ideia de uma mulher loura que destruirá sua vida, de acordo com uma vidente. Certa de que seu fim está próximo, pobre, frustrada e doente procura uma funerária e encomenda para si própria o caixão mais caro. No dia de sua morte, revela ao marido que sua única ambição é que seu enterro seja o mais luxuoso e extravagante que já aconteceu. Como desaforo à vida miserável que leva na periferia, quer se vingar da sociedade abastada e, principalmente, da loura Glorinha, sua prima e vizinha que não lhe cumprimenta mais.

A Falecida, como toda dramaturgia de Nelson Rodrigues, escancara a vida brasileira nas suas misérias, sonhos, traições, religiões, doenças, carnaval e ópios. O texto revolucionou o teatro da época ao abordar temáticas tão intensas. Foi a primeira peça em que Nelson Rodrigues fez de suburbanos frustrados e fracassados os seus protagonistas, retratando o cotidiano dos brasileiros dos anos 1950, em especial do subúrbio e o seu vocabulário, o lado mais prosaico da vida.

A montagem do grupo TADS foi adaptada para uma situação atemporal das personagens, podendo ocorrer em qualquer periferia do Brasil. Foi utilizada a linguagem cênica do teatro épico; narrativa com o emprego da constante troca de papéis entre os atores e vários significados para um mesmo objeto cênico. O figurino e a maquiagem são resultados das pesquisas do grupo. 

Estão no elenco: Kardoso Bitencourt; Daiane Aguilera; Gabriela Colin; Júlio César Scandolo; Maria Helena Barbosa; Patrick Cardoso; Tayná Fercodinne, Niany Nicoley e Francisco Timo. 

A Falecida tem censura 12 anos e a entrada no TMTV é gratuita. Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência.