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Gui Urban / Secom (Arquivo) |
Tânia Franco
ttferreira@sorocaba.sp.gov.br
A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), definiu a programação da 47.ª Semana do Tropeiro de Sorocaba que acontecerá entre os dias 15 de maio e 8 de junho, contemplando ações de resgate, divulgação e valorização da cultura tropeira, cujo marco e fama foram conquistados graças às Feiras de Muares de Sorocaba.
Além de exposições temáticas no Casarão de Brigadeiro Tobias, Biblioteca Infantil e Museu Histórico Sorocabano, a celebração da Semana do Tropeiro contará com apresentações artísticas de música e dança, palestras com pesquisadores do tema e atividades para crianças, com oficinas de mulinhas de brinquedos, na Biblioteca Infantil.
A festa conta, ainda, com a tradição do Desfile Tropeiro, composto por comitivas de toda a região e que ao longo desta semana percorrerão os 350 quilômetros refazendo o caminho das tropas dentro da Tropeada Itararé/Sorocaba-2014. A chegada das tropas é prevista para a tarde do próximo sábado (17) e o desfile pela cidade acontece na manhã do domingo (18), a partir do Parque das Águas, no Jardim Abaeté, com saída marcada para as 9h. Neste ano, a tropeada foi incluída no início da programação, diferente de anos passados, quando o evento encerrava as festividades.
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Gui Urban / Secom (Arquivo) |
O Tropeirismo
Começou por volta de 1733, com o português Cristóvão Pereira de Abreu, que abriu estrada ligando Curitiba a Sorocaba, conduzindo mulas e gado. Mas, é a partir de 1750, com o Registro de Animais ao lado da ponte sobre o Rio Sorocaba, que tornou-se sistemática a passagem de tropas xucras ou arreadas por aqui e a consequente realização das grandes feiras que, em geral, duravam dois meses. Terminou por volta de 1897, quando se realizou a última feira em Sorocaba. Os anos de 1750 a 1850 são considerados como a fase áurea do tropeirismo.
A partir do início da implantação das ferrovias, em 1875, começou a definhar o comércio de tropas. Sorocaba teve sua última feira em 1897, quando ocorreu o primeiro surto de febre amarela que encerrou esse capítulo da história sorocabana, embora o comércio de animais, muares, equinos trazidos do Sul, tenha continuado até meados do século XX.
O tropeirismo caracterizou-se pelo uso generalizado do lombo de animal, equino ou muar – especialmente este, para o transporte de cargas. O que se faz hoje em caminhões, era feito pelas tropas arreadas, isto é, um conjunto de 8 a 10 animais equipados com cangalhas nas quais eram penduradas as canastras ou as bruacas contendo as mercadorias. Esse tipo de tropa, também chamada de tropa cargueira ou de comércio, era constituída por animais mansos, tendo à frente a mula da “cabeçada”, assim chamada por sua posição na tropa e porque levava na cabeça ou pescoço, alguns guizos, tendo o cabresto encimado por um pano vermelho: a “boneca”, sempre seguida pelos outros animais, inclusive a “madrinha”, se estivesse presente.
Cada tropa tinha seus homens responsáveis que a conduziam a pé e cuidavam de outras tarefas, como cozinha e arreamento. O tropeiro era o chefe e geralmente ia montado. Sem a tropa arreada, levando e trazendo mantimentos, roupas e utensílios, dificilmente as “ilhas de civilização” que eram as pequenas povoações espalhadas por esse imenso país teriam sobrevivido. Entretanto, foi a tropa solta ou xucra, que os tropeiros de Sorocaba e Região Sul, traziam dos pampas gaúchos até Sorocaba, onde os animais eram domados por famosos peões e vendidos nas feiras que aqui se realizavam, principal fornecedora do meio mais eficiente de transporte da época: o muar.
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Gui Urban / Secom (Arquivo) |
O caminho para o Sul
No Estado de São Paulo: Sorocaba, Campo Largo (atual Araçoiaba da Serra), onde invernavam as tropas, Alambari ou Pouso das Pederneiras, Itapetininga, Buri, Itapeva, Itararé. No Paraná: Jaguariaíva, Castro, Ponta Grossa, Palmeiras, Guarapuava, Curitiba, São José dos Pinhais, Lapa, Rio Negro.
Em Santa Catarina: Mafra, Curitibanos e Lajes. No Rio Grande do Sul: Passo Fundo, Cruz Alta, Vacaria, Viamão, Porto dos Casais (atual Porto Alegre). Muitas destas e ainda outras cidades surgiram de primitivos pousos de tropeiros.
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Gui Urban / Secom (Arquivo) |
Pouso de tropeiros
O pouso, como o próprio nome diz, era o local de parada durante as longas jornadas dos tropeiros. O local deveria oferecer condições mínimas de segurança à tropa, água e alimento. O local de descanso dos tropeiros podia ser a céu aberto, com quase nenhum recurso, ou dispor de pequena cobertura de palha ou telheiro, que garantia proteção contra chuva, sereno ou vento. Muitos pousos deram origem a vilas e, posteriormente, a cidades.
A Feira de Muares
Ocorria durante todo o ano, mas crescia nos meses de abril e maio, quando para Sorocaba afluíam, além de compradores de animais, ricas famílias da capital e cidades vizinhas que vinham para se divertir.
A cidade apresentava aspecto festivo com a presença de mascates, fabricantes de arreios, ourives especializados em prata, circo de cavalinhos, companhias de teatro, jogadores, cantores e outros. Ela começava com a venda do primeiro lote de animais.
O grito de “Rebentou a feira!” era o sinal para o início de todos os outros negócios. À noite, os tropeiros se entregavam aos vários divertimentos procurando esquecer as agruras das longas jornadas.
O traje de tropeiro
O comum era calça e camisa de pano grosso e botas até os joelhos; os tocadores de lotes (personagens mais humildes), provavelmente andavam descalços ou com simples alpercatas de couro; o chapéu era de abas largas, sendo a da frente, algumas vezes, presa à copa. Usavam ainda o facão sorocabano (largo e de ponta curva), a guaiaca (cinto de couro com divisões), o xiripá (grande faixa enrolada entre as pernas e que muitas vezes se reduzia a uma simples tira à volta da cintura).
A provisão para a longa viagem consistia em feijão, toucinho defumado, carne seca, farinha de mandioca, café e chá.
Programação da 47.ª Semana do Tropeiro
Data
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Atividade
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Local
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Horário
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15 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
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Casarão de
Brigadeiro Tobias
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9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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16 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
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9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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17 maio
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Chegada da
Tropeada e Pouso do Grupo
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Largo do Divino
(Av. Luiz Mendes de Almeida)
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16h
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17 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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17 maio
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Projeto Viva a
Praça Apresentação de Cururu
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Parque dos
Espanhóis
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16h
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18 maio
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Projeto Viva a
Praça: Apresentação de Ricardo Anastácio
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Parque das Águas
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16h
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18 maio
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Desfile Tropeiro
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Ruas do Centro
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9h - 12h
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18 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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19 maio
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Abertura
Exposição O Tropeiro e a Mula (até 12 de junho)
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Biblioteca
Infantil
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8h às 17h
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20 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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21 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
|
21 maio
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Roda de Viola -
Cururu
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Casarão de
Brigadeiro Tobias
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19h
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21 maio
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Oficina de
Mulinhas Tropeiras para Crianças
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Biblioteca
Infantil
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9h às 10h
15h às 16h
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22 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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23 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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24 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h -10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h -16h
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25 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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27 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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28 maio
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Oficina de
Mulinhas Tropeiras para Crianças
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Biblioteca
Infantil
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9h às 10h
15h às 16h
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28 maio
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Apresentação de
Ricardo Anastácio e Orquestra de Viola Tropeira na Festa Junina de Sorocaba
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Parque das Águas
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29 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
|
30 maio
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Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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31 maio
|
Projeto Viva o
Bairro: Éden
Atrações musicais
com temática tropeira
|
Éden
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16h30
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31 maio
|
Projeto Viva o
Bairro: Vila Helena
Atrações musicais
com temática tropeira
|
Vila Helena
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16h30
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31 maio
|
Projeto Viva o
Bairro: Vila Formosa
Atrações musicais
com temática tropeira
|
Vila Formosa
|
16h30
|
31 maio
|
Exposição
Tropeirismo.
Exposição
Histórias Emolduradas
Visitas
monitoradas ao Casarão do Brigadeiro Tobias
|
Casarão de
Brigadeiro Tobias
|
9h - 10h
10h30 - 11h30
13h30 - 14h30
15h - 16h
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1 junho
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Apresentação de
Cururu e degustação de Feijão Tropeiro
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Museu Histórico
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10h - 12h
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4 junho
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Oficina de
Mulinhas Tropeiras para Crianças
|
Biblioteca
Infantil
|
9h às 10h
15h às 16h
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6 junho
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Mesa Redonda com
Pesquisadores do Tropeirismo
Adolfo Frioli,
Sérgio Coelho e Geraldo Bonadio
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Biblioteca
Infantil
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19h30 - 21h
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8 junho
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Apresentação
Grupo de Fandango de Capela do Alto e degustação de Feijão Tropeiro
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Museu Histórico
|
10h - 12h
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